domingo, 28 de abril de 2013

Coração triplex




Se a gente considerar o coração como o lugar onde “moram” as pessoas que gostamos, o meu coração seria como um apartamento triplex: o térreo é muito amplo e nele moram quase todas as pessoas que eu conheço mas não tenho uma relação muito próxima; todos são tratados com cordialidade e simpatia e só sai quem deixa de merecer a boa acolhida.

O primeiro andar é bem mais seletivo: trata-se de um espaço muito confortável e aconchegante, destinado à família e amigos especiais. Neste cômodo as pessoas só entram por grande afinidade e podem morar pra sempre usufruindo do meu carinho e atenção.

O último andar é a cobertura com vista panorâmica; o espaço é bem menor (até porque só é usada por uma pessoa de cada vez), mas o tratamento é o melhor possível. Este lugar é reservado para o chamado "amor romântico".  Não foram muitos os que já moraram na área VIP; alguns inquilinos freqüentaram por um tempo e depois abriram mão do privilégio, outros foram gentilmente convidados a se retirarem. Cada vez que alguém desocupa a área eu adoto o mesmo procedimento: primeiro o espaço fica fechado por um tempo (uma espécie de luto). Depois eu abro bem as janelas, deixo o ar e o sol entrarem e começo a lembrar o quanto o lugar é bonito; aos poucos começo a pensar na possibilidade do local ser novamente aproveitado. Apesar desse espaço ser tão bem cuidado, às vezes fica desabitado por algum tempo: um verdadeiro desperdício! Nestes períodos de desocupação a vida pode ficar meio sem graça, mas dá para ser feliz sem romance! A ausência de um relacionamento não traz necessariamente sofrimento, às vezes traz apenas uma espécie de tédio emocional.

De qualquer forma, acho que neste momento o meu coração não está tendo toda a ocupação que poderia! Com tanto “sem-teto” emocional por aí é até pecado eu ter um espaço ocioso no meu coração.

Talvez já esteja na hora de ocupar a cobertura. Vou começar a pensar nisto...






domingo, 21 de abril de 2013

Dois tipos de sorte





 Eu entendo que existem dois tipos de sorte: a primeira, quando uma coisa boa simplesmente “cai do céu”; eu vou chamar de “sorte gratuita”, Esta é a sorte no seu sentido literal, descrita no dicionário como “sucesso casual”. Neste caso a pessoa não faz nada para ganhar alguma coisa mas mesmo assim ela ganha. Alguém que sem querer pisa em um papel e descobre que é um bilhete de loteria premiado: a pessoa não comprou um bilhete nem se deu ao trabalho de escolher os números e simplesmente ganha uma fortuna. Outro exemplo é alguém que está caminhando em uma rua qualquer e ganha um carro zero quilômetros simplesmente porque foi a milionésima pessoa a passar em frente a uma determinada concessionária. 
É claro que nestas situações a pessoa se sentirá extremamente sortuda! 

Mas eu me sinto uma pessoa de sorte mesmo quando me esforço muito para alcançar alguma coisa e tenho sucesso. Ter um bom emprego é sorte ou merecimento? Fazer a viagem dos sonhos que foi totalmente paga por você mesma é sorte ou merecimento? Eu acho que as duas coisas.  

Este é o segundo tipo de sorte, que eu vou chamar de “sorte merecida”: você se esforça, se dedica ao máximo e consegue alcançar seu objetivo. Mas se existe esforço e merecimento por que é sorte? Porque nem todo mundo que merece e se esforça consegue. Muita gente trabalha duro a vida inteira e não consegue comprar a casa própria, ter um bom salário ou realizar qualquer outro sonho. Às vezes alguma dificuldade as impede: um problema de saúde ou familiar, falta de oportunidade, falta de apoio, falta de determinação, ou mesmo sem nenhum motivo evidente, simplesmente não acontece. 

A sorte gratuita é bem difícil de acontecer e por este motivo quem só acredita neste tipo de sorte pode ficar meio desanimado, mas lembrar que existe a sorte merecida torna a pessoa mais positiva e determinada.  

Se a pessoa realmente acreditar que pode alcançar seu objetivo ela vai se esforçar muito mais, e o esforço é um grande passo pra alcançar o que se quer.

De qualquer forma desejo sorte pra todos nós, afinal um pouquinho de sorte não faz mal pra ninguém.





domingo, 7 de abril de 2013

Três verbos: Entender, Aceitar e Tolerar




Cada pessoa tem o direito de fazer as suas escolhas e cabe aos outros decidirem como vão lidar com elas. O direito de escolha de um não obriga e nem garante a aprovação de outro.

As atitudes de uma pessoa sempre causam impacto em quem convive com ela, e quanto mais forte for a ligação, maior será o impacto de suas decisões e escolhas.

Quando uma pessoa de quem gostamos tem um comportamento com o qual não concordamos, passamos por uma situação difícil: tentamos entender seus motivos, mas nem sempre é fácil aceitar ou apoiar. Talvez entender seja a parte mais fácil, se levarmos em conta os sentimentos e as preferências da pessoa, mas aceitar não é tão fácil e normalmente tentamos conversar e argumentar para que mude.

Mas se não mudar? O que vamos fazer? Vamos nos afastar de quem gostamos porque não gostamos de suas escolhas?

Depende! Existem comportamentos como infidelidade ou violência doméstica que são considerados inaceitáveis pela maioria e em muitas vezes a única atitude possível é o afastamento. Existem outras atitudes que preferíamos que não tivessem ocorrido, mas que acabamos aceitando porque não temos como fazê-los voltar atrás e porque não chega a prejudicar tanto, como por exemplo um filho fazer uma tatuagem enorme ou perder um bom emprego. Apesar de não concordarmos, podemos aceitar.

Mas se alguém de quem gostamos muito, que possui muitas qualidades e de quem não cogitamos nos afastar faz escolhas que lhe fazem algum mal? Comportamentos que podem prejudicar sua saúde física ou emocional, fazer perder oportunidades ou até colocar em risco sua segurança? Como conviver com o que nos causa dor e preocupação? Aí vem o terceiro verbo: tolerar. Depois de pedir e argumentar muito, só podemos continuar convivendo com a pessoa (apesar de sofrer com sua escolha) e esperar; continuar ajudando e querendo tudo de melhor para ela, ao mesmo tempo que torcemos para que faça escolhas melhores para a sua vida.

É muito simplista alguém dizer que quem ama aceita cem por cento, mesmo não concordando. Às vezes o máximo que conseguimos é nos manter perto e tolerar o que não conseguimos concordar. Li uma frase com a qual concordo plenamente:



“Amar não é aceitar tudo. Aliás: onde tudo é aceito, desconfio que há falta de amor.”
-- Vladimir Maiakovski