segunda-feira, 24 de março de 2014

O retorno da Princesa




A Princesa é uma cadelinha vira-latas branca com manchas pretas que veio ao mundo com a missão (ou sina) de causar emoções fortes nos seres humanos. Por pouco a vida dela não terminou antes mesmo de completar o primeiro mês. Não se sabe onde ela nasceu nem quem foram seus pais; se escorregou e caiu em um bueiro ou se foi deixada lá de propósito. O que se sabe é que ela “nasceu pela segunda vez” quando um humano de coração imenso percebeu que ela e outro filhotinho (provavelmente sua irmã) estavam presas naquele bueiro. Imediatamente ele começou a tentar tirá-las de lá: tentava alcançar com o braço, com cordas, de todas as formas que podia imaginar mas não conseguia. Todos os dias depois do trabalho ele ia até o bueiro e colocava água e comida pras pequenas. Depois de muitas tentativas conseguiu tirar a primeira cadelinha, para quem ele encontrou um lar com uma família muito especial, um casal jovem que já tinha uma filha e um cachorro e se dispôs a adotar como novo membro da família aquela que batizaram de “Victória”.

Depois de alguns dias, finalmente, aquele filhotinho que passou a ser chamada de Princesa conseguiu ser resgatada e, depois de alimentada e vacinada, também ganhou o lar que merecia: um casal de aposentados (pais daquele humano abençoado que lutou tanto pela vida dela) abriram sua casa no interior do estado e a receberam com todo carinho. A Princesa encheu a casa de alegria, mostrando diariamente o quanto era esperta e carinhosa.  Quando todos já estavam profundamente encantados com a Princesa, aconteceu algo inesperado: o casal teve que viajar e a deixou na casa de um dos filhos, de onde ela conseguiu fugir, provavelmente à procura deles. Imediatamente toda a família e amigos começaram a procurar a cadelinha  pelas ruas, becos e qualquer lugar onde ela pudesse estar. Colaram cartazes pela cidade, ofereceram recompensa, divulgaram o desaparecimento nas redes sociais e até no jornal da cidade.

Foram dois meses de procura, preocupação e esperança; muitas pessoas demonstraram seu apoio; conhecidos e até estranhos se solidarizavam e diziam que também estavam torcendo para que a procura terminasse com sucesso. 

Enfim, depois de 65 dias, o telefone tocou e um senhor que viu um dos cartazes na rua disse que viu a Princesa andando pela estrada e, com medo que ela fosse atropelada, a levou para casa. O reencontro do casal com sua pequena foi emocionante: lágrimas de saudade e de alegria, enquanto a Princesa demonstrava tê-los reconhecido imediatamente, correndo pra eles “fazendo festa”.

Para os descrentes de plantão fica mais uma prova de que existem sim pessoas boas e caridosas, dispostas a doar seu tempo, dinheiro e carinho simplesmente por solidariedade (que Deus os abençoe sempre).